A hidradenite supurativa, conhecida popularmente como acne inversa, é uma condição dermatológica inflamatória de difícil diagnóstico e manejo, que impacta significativamente a rotina e o bem-estar dos indivíduos acometidos. Caracterizada pelo surgimento de lesões cutâneas dolorosas, como nódulos, furúnculos, abcessos e fístulas, a HS localiza-se predominantemente em áreas ricas em glândulas apócrinas, como axilas, virilha, região inframamária e glútea. A cronicidade e a recorrência das lesões podem levar a cicatrizes profundas, deformidades e comprometimento da mobilidade, gerando sofrimento físico e emocional.

As causas exatas da hidradenite supurativa ainda não são completamente elucidadas, mas acredita-se que uma combinação de fatores genéticos, hormonais, imunológicos e ambientais contribua para o seu desenvolvimento. Predisposição genética, alterações hormonais, especialmente em mulheres durante o ciclo menstrual e após a menopausa, o tabagismo e o sobrepeso ou obesidade são fatores de risco conhecidos. A inflamação parece estar ligada a uma resposta anormal do sistema imune nos folículos pilosos, levando ao bloqueio e posterior ruptura, com extravasamento de conteúdo inflamatório para os tecidos circundantes, formando os abcessos característicos.

O diagnóstico da hidradenite supurativa é eminentemente clínico, baseado na história do paciente e no exame físico detalhado das lesões e sua localização. Não existem exames laboratoriais ou de imagem específicos para confirmar a HS, porém, estes podem ser utilizados para descartar outras condições com manifestações semelhantes e para avaliar a extensão da doença. A gravidade da HS é classificada em estágios de Hurley (I, II e III), que auxiliam na definição da conduta terapêutica. O tratamento é complexo e multifacetado, englobando desde medidas clínicas com antibióticos e anti-inflamatórios até abordagens cirúrgicas para drenagem de abcessos e ressecção das áreas afetadas.

O tratamento da hidradenite supurativa requer uma abordagem multidisciplinar, envolvendo dermatologistas, cirurgiões e, em alguns casos, psicólogos, devido ao forte impacto psicossocial da doença. O manejo visa controlar a inflamação, aliviar a dor, prevenir novas lesões e minimizar as cicatrizes e complicações. Terapias biológicas, como os inibidores do Fator de Necrose Tumoral Alfa (anti-TNF-alfa), têm se mostrado promissoras em casos moderados a graves, oferecendo uma nova perspectiva para pacientes que não respondem aos tratamentos convencionais. A adesão ao tratamento e o acompanhamento médico contínuo são essenciais para o controle da doença e a melhoria da qualidade de vida.