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Brasil debate criação de bancada de terras raras com olho nos EUA e China

A ascensão das terras raras como insumos cruciais para a indústria de alta tecnologia e defesa global tem colocado o Brasil no centro das atenções de potências como Estados Unidos e China. Diante desse cenário geopolítico complexo, o governo brasileiro, sob a liderança do presidente Lula, tem sinalizado a intenção de criar uma bancada parlamentar dedicada à defesa e ao desenvolvimento do setor de terras raras no país. Essa iniciativa visa não apenas aprofundar a discussão sobre a governança desses minerais estratégicos, mas também a orientar políticas públicas que garantam o aproveitamento nacional dos recursos, fortalecendo a soberania e impulsionando o desenvolvimento tecnológico e econômico em um mercado global onde a concorrência é acirrada.

Atualmente, a única operação de mineração de terras raras em larga escala no Brasil é conduzida por uma empresa de origem estadunidense, com uma parcela significativa de sua produção sendo exportada para a China. Essa realidade levanta questões importantes sobre o controle e os benefícios econômicos e tecnológicos que o Brasil pode extrair de suas próprias riquezas naturais. Diplomatas e analistas observam com atenção as movimentações dos Estados Unidos, que buscam diversificar suas fontes de terras raras e reduzir a dependência chinesa, vendo no Brasil um potencial parceiro estratégico. Contudo, o volume das exportações para a China indica um complexo jogo de xadrez internacional, onde o Brasil precisa navegar com cautela para garantir que seus interesses primem.

As terras raras, compostas por 17 elementos químicos, são indispensáveis para a fabricação de uma vasta gama de produtos de alta tecnologia, desde smartphones e computadores até turbinas eólicas e sistemas de defesa. Sua escassez e o complexo processo de extração e refino tornam sua disponibilidade um gargalo para o avanço tecnológico globalmente. Nesse contexto, o Brasil, com extensas reservas ainda pouco exploradas, tem um potencial imenso para se tornar um fornecedor relevante no mercado internacional. O desafio reside em desenvolver a cadeia produtiva completa, agregando valor internamente através do refino e da industrialização, em vez de apenas exportar a matéria-prima bruta.

A criação da bancada de terras raras no Congresso é vista como um passo importante para a articulação política e a defesa dos interesses nacionais no setor. Espera-se que essa iniciativa promova debates sobre regulamentação, incentivos fiscais para a pesquisa e desenvolvimento, e modelos de parcerias que beneficiem o país. A comparação com a estratégia chinesa, que há décadas investe pesadamente em tecnologia e controle da cadeia de suprimentos de terras raras, serve de alerta e inspiração. O Brasil tem a oportunidade de aprender com experiências internacionais e desenhar um caminho que maximize seus ganhos, promovendo a inovação e a sustentabilidade em um setor de fundamental importância para o futuro.