Ucrânia: Primeiros Protestos Antigoverno Desde o Início da Guerra Contra Zelensky
Cidades ucranianas testemunharam uma onda de protestos antigoverno sem precedentes desde o início do all-out guerra contra a Rússia, em fevereiro de 2022. As manifestações, que eclodiram em diversas localidades, têm como principal alvo a decisão do presidente Volodymyr Zelensky de sancionar uma lei que, segundo críticos, enfraquece significativamente a independência dos órgãos responsáveis pelo combate à corrupção no país. Esta medida gerou forte descontentamento em setores da sociedade civil, que veem na luta contra a corrupção um pilar fundamental para a estabilidade e o futuro da Ucrânia, especialmente em um contexto de invasão externa e necessidade de reconstrução. A lei em questão altera o status de instituições como o Bureau Nacional de Investigação (NABU) e a Agência Nacional para a Prevenção da Corrupção (NACP), limitando suas autonomias e, para muitos, abrindo espaço para interferências políticas. A mobilização popular representa o primeiro grande desafio interno para Zelensky desde o início do conflito em larga escala, testando sua popularidade e a confiança da população em sua liderança em um momento crítico. Os manifestantes, muitos deles veteranos de guerra e ativistas anticorrupção, expressam preocupações de que essa medida possa minar os esforços de transparência e boa governança, elementos cruciais para a obtenção de apoio internacional contínuo, incluindo ajuda financeira e militar, além de progredirmos em direção à integração com a União Europeia. A resposta do governo tem sido de tentar acalmar os ânimos, reiterando o compromisso com a erradicação da corrupção e argumentando que as mudanças na legislação são necessárias para otimizar a eficiência e o alinhamento com os padrões europeus. No entanto, essas justificativas não têm sido suficientes para dissipar a desconfiança de uma parcela significativa da população, que teme que a medida seja um retrocesso na consolidação democrática após anos de luta contra a corrupção endêmica. Analistas políticos observam que, embora a unidade nacional seja crucial durante a guerra, essas divergências internas podem criar fissuras na coesão social e política, abrindo espaço para questionamentos sobre a direção do país. A forma como o governo de Zelensky lidará com esses protestos e abordará as preocupações levantadas pelos manifestantes será um fator determinante para a manutenção da estabilidade interna e para a percepção internacional da resiliência democrática da Ucrânia em meio à guerra.