Trump retira EUA da Unesco, citando viés ideológico e dívidas
O governo dos Estados Unidos, sob a liderança do presidente Donald Trump, anunciou sua retirada da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), citando um viés ideológico predominante na agência e o não cumprimento de reformas essenciais. Essa decisão marca a segunda vez que os EUA deixam a organização, tendo já se retirado em 1984 sob a administração Reagan, e retornado em 2002. A medida reflete a política de “América em Primeiro Lugar” de Trump, que tem revisado o envolvimento americano em diversas organizações internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Acordo de Paris sobre o clima. O secretário de Estado, Mike Pompeo, detalhou que o motivo da saída é a persistente necessidade de reformas na Unesco e a existência de um viés anti-Israel na organização, o que tem sido uma preocupação para os EUA. A Unesco, por sua vez, expressou pesar pela decisão americana. A saída dos Estados Unidos representa um golpe financeiro e diplomático significativo para a Unesco, uma vez que o país era um dos seus maiores contribuintes. A agência, criada após a Segunda Guerra Mundial com o objetivo de promover a paz e a cooperação internacional através da educação, ciência e cultura, tem enfrentado dificuldades financeiras e políticas em anos recentes. A suspensão do financiamento americano em 2011, após a admissão da Palestina como Estado membro em 2011, já havia impactado severamente o orçamento da organização. Essa nova retirada aprofunda a crise e levanta questionamentos sobre o futuro do multilateralismo e o papel das instituições globais. O debate sobre a neutralidade e a eficácia de organizações internacionais tem se intensificado, especialmente sob a atual administração americana, que questiona o valor de seus compromissos em um cenário geopolítico complexo. A decisão americana de deixar a Unesco gerou reações diversas. Muitos diplomatas e agências da ONU lamentaram a saída, alertando para o risco de um enfraquecimento da cooperação internacional em áreas cruciais como a preservação do patrimônio cultural, a promoção da educação para todos e o avanço da ciência. Especialistas apontam que a ausência dos EUA pode criar um vácuo de liderança e recursos, potencialmente permitindo que outras potências aumentem sua influência na organização. Por outro lado, defensores da medida argumentam que a saída força a Unesco a se reformar de maneira mais profunda e eficiente, respondendo às críticas sobre burocracia e politicização que têm sido levantadas em relação à agência. A complexa relação entre os EUA e a Unesco remonta a décadas, com períodos de intensa colaboração intercalados por desconfiança e críticas. A administração Obama marcou um esforço de reaproximação, culminando no retorno ao financiamento integral em 2009. No entanto, as divergências políticas, especialmente em relação a conflitos no Oriente Médio e a representação de Estados controversos, nunca foram totalmente superadas. A administração Trump, aociting o viés ideológico e o endividamento como razões para a saída, sinaliza uma postura mais assertiva e unilateral nas relações internacionais, priorizando o que considera ser os interesses nacionais acima dos acordos multilaterais. A retirada dos Estados Unidos da Unesco, anunciada em outubro de 2017 e efetivada em dezembro de 2018, é um episódio emblemático das tensões entre a política externa americana, sob Donald Trump, e as instituições globais. A agência, que cuida de sítios como as pirâmides do Egito e Machu Picchu no Peru, busca promover a paz e a compreensão através da educação e da cultura. A justificativa de viés ideológico e endividamento, reiterada em diversas ocasiões, aponta para uma visão crítica de Trump sobre o funcionamento de organismos multilaterais, que ele frequentemente descreve como ineficientes ou contrários aos interesses americanos. O futuro da Unesco, sem um de seus membros mais influentes, permanece incerto, com desafios adicionais para manter sua missão em um mundo cada vez mais dividido.