Cúpula do Brics no Rio: Ausências Notáveis e Impacto na Agenda
A iminente Cúpula do Brics no Rio de Janeiro está cercada de expectativas e também de incertezas. O encontro, que reúne as economias emergentes do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, sofre com a confirmação de ausências de lideranças cruciais, como a do presidente russo Vladimir Putin e de outros chefes de Estado. Essa situação levanta questionamentos sobre a força e o impacto das decisões que serão tomadas, especialmente em um cenário geopolítico global cada vez mais complexo e polarizado. A participação reduzida pode afetar a coesão e a capacidade do bloco em apresentar uma frente unida em temas de interesse comum, como a reforma da governança global e o desenvolvimento sustentável. Apesar das ausências, diplomatas e analistas avaliam que o encontro ainda possui relevância para a troca de ideias e o fortalecimento de laços, com a presença de representantes de alto escalão mantendo a continuidade dos debates. O chanceler iraniano, em particular, é aguardado para participar, adicionando um elemento de interesse diplomático adicional ao evento e refletindo a crescente aproximação do Irã com potências emergentes. A diversificação da composição dos participantes e os temas abordados buscam dar novos contornos ao bloco, buscando maior protagonismo em fóruns internacionais e a criação de novas parcerias econômicas e políticas. A mobilização de um contingente de 31 mil agentes de segurança para o evento sublinha a importância e a sensibilidade diplomática da Cúpula, visando garantir a ordem e a segurança dos presentes em meio a possíveis manifestações e ao fluxo intenso de autoridades. A declaração de feriado no Rio de Janeiro para o dia da abertura da cúpula, embora vista por alguns como um transtorno logístico, visa facilitar a movimentação de delegações e a segurança, além de ser um gesto de boas-vindas à comunidade internacional presente no país. A expectativa é que, mesmo com as ausências, a Cúpula do Brics sirva como plataforma para discutir soluções conjuntas para desafios econômicos e sociais globais, consolidando a influência do bloco no cenário mundial e buscando novas fronteiras para a cooperação multilateral.A organização da Cúpula do Brics no Rio de Janeiro neste ano tem sido marcada por uma operação de segurança de grande escala, envolvendo cerca de 31 mil agentes de diferentes forças policiais e de segurança. Essa magnitude na mobilização de pessoal reflete tanto a importância política do evento, colocando o Brasil como anfitrião de potências globais, quanto as preocupações com a segurança em um contexto de tensões internacionais e a necessidade de proteger as delegações visitantes. O feriado decretado na cidade do Rio de Janeiro, em especial na segunda-feira, dia de início oficial das atividades da Cúpula, visa otimizar a logística de translado das autoridades, a gestão do tráfego em áreas chave e a garantia de um ambiente tranquilo para as negociações e discussões. Esse tipo de medida, embora gere impactos no cotidiano da população e no comércio local, é comum em grandes eventos internacionais para minimizar riscos e assegurar o bom andamento da agenda diplomática. A presença do chanceler iraniano, mencionada por diplomatas como comitiva em direção ao Brasil para participar do encontro, acrescenta uma dimensão adicional ao evento. O Irã busca fortalecer seus laços com o bloco do Brics, um movimento que sinaliza uma estratégia de política externa mais ampla por parte de Teerã, visando ampliar seu protagonismo em um mundo multipolar e diversificar suas alianças. A potencial adesão de novos membros ao Brics, como o Irã, que demonstrou interesse formal, e outros países como Argentina, Arábia Saudita e Tailândia, tem sido um dos tópicos centrais nas discussões prévias à cúpula, indicando uma possível expansão e redefinição do escopo e da influência do grupo. A agenda da reunião abrange uma vasta gama de temas, desde a cooperação econômica e financeira, passando pela discussão sobre a reforma das instituições de governança global como o FMI e o Banco Mundial, até questões de desenvolvimento sustentável, saúde e tecnologia. A capacidade do Brics em apresentar propostas concretas e articuladas nessas áreas será crucial para sua credibilidade e influência futura no cenário internacional, especialmente diante dos desafios impostos pelas crises climática, sanitária e econômica. A avaliação de que as ausências não comprometem a reunião, como apontado por Nelsinho Trad, ressalta a importância da estrutura institucional e dos mecanismos de trabalho do bloco, que permitem a continuidade das discussões mesmo na ausência de alguns chefes de Estado, através da participação ativa de ministros e outros representantes de alto nível. No entanto, a ausência de figuras políticas de peso como Putin pode, sim, influenciar a força das decisões tomadas e a capacidade de negociação do bloco em questões de alta sensibilidade diplomática e política, como a própria guerra na Ucrânia e a segurança internacional. A polarização geopolítica global tem levado a uma reconfiguração de alianças e blocos econômicos e políticos. A Cúpula do Brics, neste contexto, é vista como uma tentativa de fortalecer esses agrupamentos alternativos às estruturas ocidentais tradicionais, buscando um equilíbrio maior na ordem mundial. O impacto da reunião no Rio, portanto, transcende as questões logísticas e de segurança; ele se insere em um debate mais amplo sobre o futuro do multilateralismo e o papel das economias emergentes no desenho da ordem global. A discussão sobre a criação de uma moeda comum ou a expansão do uso de moedas nacionais nas transações entre os membros do Brics é outro ponto crucial que pode ganhar destaque durante as discussões, buscando reduzir a dependência do dólar americano e fortalecer a autonomia financeira do bloco. A cooperação tecnológica e científica, assim como a articulação em fóruns como a OMC, também fazem parte da agenda, demonstrando a ambição do Brics em atuar de forma coordenada em diversas frentes. A adequação da infraestrutura do Rio de Janeiro para receber um evento desta magnitude, incluindo o acesso e a capacidade de comunicação, também é um fator a ser considerado para o sucesso da cúpula e a imagem que o Brasil projetará internacionalmente. Este evento, mesmo diante de seus percalços iniciais, representa uma oportunidade ímpar para o Brasil reafirmar sua importância diplomática e econômica na cena global, além de ser um palco para o debate sobre os rumos da economia mundial e a busca por soluções conjuntas para os desafios contemporâneos.