IOF: Governo Aci-ma, Congresso e Especialistas Divergem sobre Ação na STF
A mobilização do governo federal para intervir no Supremo Tribunal Federal (STF) com o objetivo de anular a decisão do Congresso Nacional de derrubar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) tem provocado reações distintas em diversos setores da sociedade brasileira. A base legal e a conveniência política dessa ação são os pontos de maior controvérsia, com juristas e analistas apontando para riscos e potenciais consequências no equilíbrio federativo e na autonomia legislativa. A Constituição Federal confere ao Executivo a prerrogativa de propor medidas de caráter tributário, mas a resistência do Legislativo em manter a cobrança de um imposto, mesmo após a sinalização do Planalto, evidencia um racha na relação institucional.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, defendeu a legitimidade do governo em buscar no STF a defesa de seus interesses, ao mesmo tempo em que reconheceu a soberania do Congresso em suas decisões. Essa dualidade de posicionamentos reflete a sensibilidade do momento, em que a relação entre os poderes se encontra sob escrutínio. A possibilidade de o STF derrubar uma deliberação do Legislativo, ainda que com base em interpretações constitucionais, pode ser vista como uma interferência excessiva na autonomia democrática do parlamento, alimentando acusações de ativismo judicial e de um desequilíbrio de poder.
Paralelamente, a Ordem dos Advogados do Brasil Seção São Paulo (OAB-SP) manifestou preocupação com o que considera uma tendência do STF de se aproximar da classe política e atuar como um tribunal penal, um comentário que ecoa críticas recorrentes sobre a politização de decisões judiciais complexas. Essa percepção pode fragilizar a confiança pública nas instituições e gerar questionamentos sobre a imparcialidade do Judiciário. A intervenção em matéria eminentemente tributária e fiscal, que tradicionalmente se resolve no âmbito econômico e político, torna o Supremo um palco para embates que poderiam e talvez devessem ser resolvidos internamente pelos outros poderes.
O ministro Alexandre de Moraes, figura central em diversas decisões de grande impacto político e social recentes, ficará responsável por relatar a ação da Advocacia-Geral da União (AGU) que busca manter o decreto do IOF. Sua atuação é aguardada com expectativa, pois sua interpretação tende a balizar os próximos passos e a definição sobre a validade da cobrança do imposto. O desfecho dessa disputa jurídica e política não apenas afetará as finanças públicas, mas também moldará futuras interações entre o Executivo e o Legislativo, redefinindo os contornos da governabilidade em um cenário de polarização e desafios institucionais.