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Irã Recusa Cooperação com Agência Nuclear da ONU por Suposta Falta de Segurança

O Irã declarou que não manterá a cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) devido a preocupações com a segurança, levantando novas preocupações sobre o programa nuclear do país. Esta decisão surge em um momento crítico, onde a agência da ONU expressou preocupação com a velocidade com que o Irã poderia enriquecer urânio a níveis capazes de serem utilizados em armas nucleares, algo que Teerã nega veementemente. A Rússia, por sua vez, criticou o que chamou de comportamento “destrutivo” do chefe da AIEA em relação ao Irã, sugerindo que a pressão externa pode estar complicando as negociações e a cooperação. O acesso da AIEA a locais e materiais é crucial para verificar a natureza pacífica do programa nuclear iraniano, e a falta de cooperação pode obscurecer o progresso do enriquecimento.

O processo de enriquecimento de urânio é tecnicamente complexo e envolve a separação dos isótopos urânio-235 e urânio-238. O urânio natural possui cerca de 0,7% de urânio-235, o isótopo físsil essencial para reatores nucleares e armas. Para reatores de energia, o urânio precisa ser enriquecido para níveis entre 3% e 5%. No entanto, para a fabricação de uma arma nuclear, o urânio deve ser enriquecido a níveis de aproximadamente 90%. Este processo é realizado principalmente em centrífugas, dispositivos que giram em alta velocidade para separar os isótopos com base em suas pequenas diferenças de massa. A capacidade do Irã de enriquecer urânio a altos níveis representa um ponto de grande apreensão para a comunidade internacional, pois reduz o tempo necessário para o país acumular material físsil suficiente para uma bomba.

A AIEA, através de seu chefe, tem alertado que o Irã está cada vez mais próximo de ter a capacidade técnica para enriquecer urânio em questão de meses, um avanço que poderia alterar significativamente o cenário de proliferação nuclear global. Essa situação agrava as tensões diplomáticas, especialmente após o fracasso em reviver o acordo nuclear de 2015 (Plano de Ação Conjunto Global – JCPOA), que visava limitar o programa iraniano em troca de alívio das sanções. A saída dos Estados Unidos do acordo em 2018 e a subsequente reintrodução de sanções levaram o Irã a reduzir drasticamente suas obrigações nucleares. A recusa em cooperar com a AIEA, neste contexto, é vista como um sinal de que o programa pode estar avançando sem a supervisão adequada.

O Irã, por sua vez, tem acusado o chefe da AIEA de ter uma abordagem tendenciosa e politizada em relação ao seu programa nuclear, atribuindo à agência e a seus líderes um comportamento “destrutivo”. Teerã alega que sempre buscou a transparência e a cooperação, mas que as ações e declarações da agência criam um ambiente hostil. A questão da segurança mencionada pelo Irã pode se referir a incidentes passados ou informações obtidas pela AIEA que Teerã considera ilegítimas ou que colocam suas instalações em risco. Sem um diálogo aberto e cooperação mútua, a incerteza sobre as atividades nucleares iranianas tende a aumentar, elevando o risco de confrontos regionais e internacionais.