Programa Nuclear Iraniano: Paralelos com a Coreia do Norte e Suspensão da Cooperação com a AIEA
O programa nuclear iraniano tem sido fonte de grande apreensão para a comunidade internacional, especialmente após o recente anúncio de suspensão da cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e o bloqueio de inspeções. Esta medida radical foi tomada em retaliação a supostos bombardeios em instalações nucleares iranianas, cujos responsáveis são amplamente creditados a Israel. A decisão de Teerã ecoa ações passadas da Coreia do Norte, que também se afastou de acordos de não proliferação e dificultou a fiscalização, resultando em um programa nuclear avançado e com potencial armamentista. A suspensão da cooperação com a AIEA representa um duro golpe para os esforços de transparência e verificação, abrindo caminho para atividades nucleares menos rastreáveis por parte do regime iraniano.
A aprovação de um projeto de lei pelo Conselho do Irã para suspender a cooperação com a agência nuclear da ONU reforça a postura de confronto e desafia os acordos predecessores, como o Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA). Este tipo de manobra política, que visa retaliar por ações externas enquanto se aumenta o controle sobre o próprio programa, tem histórico em regimes autoritários que buscam desenvolver capacidades nucleares em sigilo. A falta de inspeções e a interrupção da cooperação criam um ambiente de opacidade que pode acelerar o enriquecimento de urânio e o desenvolvimento de outros componentes essenciais para a fabricação de armas nucleares, aumentando o risco de uma corrida armamentista no Oriente Médio.
A administração do ex-presidente americano Donald Trump, ao retirar os EUA do acordo nuclear iraniano em 2018 e impor sanções rigorosas, é frequentemente creditada por ter tornado o programa nuclear do Irã mais difícil de fiscalizar. A reintrodução de sanções e o isolamento econômico, embora visassem conter as ambições nucleares iranianas, acabaram por fortalecer a ala mais radical do governo em Teerã, que argumentava que o acordo era ineficaz e que os países ocidentais não cumpriam suas obrigações. Essa retórica alimentou a desconfiança e a resistência a novas negociações e inspeções, contribuindo para o cenário atual de crescente escalada nuclear.
Relatos de que o programa nuclear do Irã sofreu danos significativos e que seu avanço foi atrasado por anos, atribuídos a ações israelenses, intensificam a preocupação com a estabilidade regional. Se por um lado tais ações podem ter sido eficazes em retardar o programa, por outro aumentaram o receio de uma escalada militar direta entre Irã e Israel. A comunidade internacional se encontra diante de um dilema complexo: como conter as ambições nucleares do Irã sem desencadear um conflito mais amplo? A suspensão da cooperação com a AIEA agrava esse dilema, tornando necessária uma nova abordagem diplomática e de inteligência para monitorar e mitigar os riscos associados ao programa atômico iraniano.