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Banco Central sinaliza fim da alta da Selic, mas prevê juros altos por longo período

O Banco Central do Brasil (BC) deu sinais claros em sua mais recente ata de que o ciclo de elevação da taxa básica de juros, a Selic, está próximo do fim. No entanto, a comunicação oficial do BC foi categórica ao repetir por cinco vezes a intenção de manter os juros em patamares elevados por um período extenso. Essa postura sinaliza uma estratégia deliberada de combater a inflação, mesmo que isso implique em um custo de oportunidade para o crescimento econômico. A referência a manter a taxa por um “longo período” e a previsão de cortes apenas em 2026 sugerem que a política monetária contracionista se estenderá, impactando o custo do crédito e o investimento.

As projeções do mercado financeiro também refletem essa expectativa de juros elevados. Relatórios recentes indicam que os analistas estão reavaliando suas previsões, e há uma tendência de redução nas expectativas de inflação para 2025, ao mesmo tempo em que a projeção para a taxa Selic para o mesmo ano tem sido elevada. Essa divergência de expectativas e a cautela do BC em relação às condições econômicas globais, como a guerra e as políticas fiscais internas, como um eventual “tarifaço”, moldam o cenário para os próximos meses.

A ata, descrita como dura e que inclui alertas, reforça a determinação do BC em ancorar as expectativas de inflação, mesmo diante de um ambiente macroeconômico complexo. A inflação persistente e a dificuldade em reverter completamente as pressões inflacionárias justificam a postura mais restritiva. A autoridade monetária busca evitar o risco de uma desancoragem das expectativas, o que poderia perpetuar a inflação em níveis indesejados.

O ciclo de alta da Selic, iniciado em um contexto de pressões inflacionárias crescentes, agora dá lugar a uma fase de consolidação em patamares elevados. O impacto total dessas altas nos diferentes setores da economia ainda deve se manifestar nos próximos meses. A decisão de manter os juros altos por mais tempo é um delicado equilíbrio entre controlar a inflação, garantir a estabilidade financeira e promover um crescimento sustentável a médio e longo prazo, tendo em vista os riscos externos e domésticos que se apresentam.