A celebração de Corpus Christi, que significa Corpo de Cristo em latim, é uma solenidade da Igreja Católica que tem como objetivo celebrar a presença real de Jesus Cristo na Eucaristia. A tradição de confeccionar tapetes coloridos, permeada por desenhos religiosos e símbolos da fé, tornou-se uma das manifestações mais visíveis e populares desta festa em muitos países, especialmente no Brasil. Esses tapetes são criados com materiais diversos como serragem, flores, folhas, areia e até grãos, transformando ruas em verdadeiras obras de arte efêmeras que servem de caminho para a procissão do Santíssimo Sacramento. Os fiéis se dedicam a preparar o material dias antes, com o objetivo de glorificar a passagem de Cristo.

A origem dessa tradição remonta à Idade Média, na Bélgica, no século XIII, quando uma freira agostiniana, Santa Juliana de Cornillon, teria tido visões que a levaram a defender a instituição de uma festa dedicada ao Corpo e Sangue de Cristo. A festa foi oficialmente aprovada pelo Papa Urbano IV em 1264. A prática de adornar as ruas com flores e outros elementos para receber figuras importantes ou em celebrações religiosas já existia, e foi adaptada para a festa de Corpus Christi, ganhando força e se disseminando pela Europa e, posteriormente, para as colônias. No Brasil, a tradição se enraizou profundamente, adquirindo características próprias e ganhando grande expressividade em cidades como Ouro Preto, Tiradentes, e em São José dos Campos e Caçapava, no interior de São Paulo, onde as celebrações atraem milhares de fiéis e turistas.

O significado teológico e espiritual por trás dos tapetes de Corpus Christi é multifacetado. Cada desenho e cor carrega uma mensagem bíblica, um pedido ou um louvor a Cristo. A efemeridade dos tapetes, que são desfeitos após a passagem da procissão, também pode ser interpretada como um lembrete da transitoriedade das coisas terrenas em contraste com a eternidade de Deus. A colaboração da comunidade na criação dos tapetes simboliza a unidade dos fiéis na fé e na devoção. As imagens frequentemente representam a Última Ceia, a Eucaristia, a Paixão de Cristo, a Santíssima Trindade e outros temas centrais da teologia católica. A arte popular se une à fé, criando um ambiente de reverência e contemplação pública.

As celebrações de Corpus Christi no Brasil vão além da confecção dos tapetes. Missas solenes, momentos de adoração e a procissão presidida por bispos e padres são partes integrantes da festa. Dom Orlando Brandes, em suas exortações durante a data, frequentemente ressalta a importância de comungar para se tornar uma “hóstia viva”, ou seja, transformar a fé recebida na Eucaristia em ações concretas de amor ao próximo e de serviço. A festa, portanto, não é apenas um espetáculo visual, mas um convite à reflexão sobre a fé, a partilha e o compromisso cristão na vida cotidiana, fortalecendo a identidade e a prática religiosa das comunidades. Imagens de drones frequentemente capturam a grandiosidade desses eventos, mostrando a extensão da devoção e o trabalho comunitário.