Diplomacia vê governo Trump como incógnita, e Planalto vai buscar pragmatismo

Brasil deve procurar pontos de aproximação, apesar de distanciamento político dos dois presidentes. Agenda ambiental e redes sociais são ponto de preocupação no Planalto. A posse de Donald Trump nesta segunda-feira (20) marca também a expectativa sobre como será a relação entre Brasil e Estados Unidos a partir de agora.
Apesar de especulações sobre quão sólida será a ponte entre os dois países, assessores próximos a Lula lembram que esta é a primeira vez em que os dois ocupam a Presidência de seus países ao mesmo tempo. O ineditismo não reflete uma tranquilidade sobre como será essa relação.
Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos
Getty Images
Diplomatas e pessoas próximas a Lula ouvidos pela TV Globo reforçam que a postura do Brasil será de pragmatismo, buscando eficiência nas interações diplomáticas.
O rápido cumprimento de Lula pela vitória de Trump, em contraste com a demora de Jair Bolsonaro em reconhecer a eleição de Joe Biden, buscou sinalizar a intenção de se manter um relacionamento funcional e produtivo.
Ao contrário do que se especulava, internamente no Planalto, em nenhum momento se esperou um convite pessoal a Lula para a cerimônia de posse, em Washington DC. Mesmo com gestos de Trump a alguns líderes, como o presidente chinês, Xi Jinping, e o ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro.
A embaixadora do Brasil em Washington, Maria Luiza Viotti, é quem representará o governo brasileiro.
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Para além do cerimonial, os reais desafios citados por diplomatas são outros. O governo brasileiro, agora, aguarda atentamente a escolha de Trump sobre quem será o embaixador dos EUA em Brasília e aos sinais que o republicano dará à extrema-direita brasileira.
Uma conversa por telefone entre Lula e Trump, segundo fontes, só acontecerá com um propósito. Não é simples uma ligação para a Casa Branca apenas para falar sobre a relação, sem um foco específico.
Para a diplomacia brasileira, o ponto primordial para aproximar a relação entre os dois presidentes será o trabalho da embaixada brasileira em Washington.
Redes sociais e pauta ambiental
O mais recente entrave envolvendo redes sociais e a legislação brasileira é ponto de atenção para o Palácio do Planalto e para o Itamaraty, frente a posse de Donald Trump. O dono da Meta, Mark Zuckerberg, se aliou ao republicano e promete longa batalha contra países que regulam as redes sociais.
Doadores, Musk, Zuckerberg e Jeff Bezos irão à posse de Trump
O governo Lula defende publicamente a regulamentação das big techs, enquanto o Congresso Nacional não anda com o tema.
Lula manda recado a Zuckerberg e convoca reunião sobre a Meta
O Supremo Tribunal Federal deve retomar a partir de maio o julgamento sobre a constitucionalidade do artigo 19 do Marco Civil da Internet, que trata da responsabilização das plataformas sobre conteúdos postados por usuários.
Os desafios na agenda internacional envolvendo os Estados Unidos e as redes sociais são previstos tanto por fontes da diplomacia quanto na área política do Palácio do Planalto, que enxergam um flanco aberto para a extrema direita brasileira atuar.
Outro tema que preocupa o Palácio do Planalto é a pauta ambiental, ponto-chave para o 2025 do Brasil, que vai sediar a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP30, em Belém. Trump já deixou mais do que claro que essa não será sua prioridade neste mandato.
Fontes da diplomacia destacam que tarefas escanteadas e não cumpridas pela COP 29, que aconteceu no Azerbaijão, em 2024, deverão pressionar a cúpula brasileira. A falta de apoio dos Estados Unidos ou, até mesmo, uma posição contrária do país nos debates poderá tornar ainda maior o desafio da Presidência.

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