Dramas médicos atraem um público numeroso e não é de hoje. Alguns deles se tornaram clássicos e são eternamente reprisados em alguma plataforma de streaming e sempre com sucesso. Por isso, quando a Max anunciou que lançaria “The Pitt”, foi impossível não lembrar de “ER” e de “House”, imaginando que viria aí alguma reciclagem. Sobretudo porque o protagonista está a cargo de Noah Wyle, o Dr. Carter de “ER”. Mas não. As três histórias se passam no ambiente hospitalar e seus heróis são profissionais de saúde. No mais, a nova série tem sua marca própria.
A primeira temporada terá 15 episódios e há dois disponíveis. Recomendo.
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A trama se desenrola na emergência do Pittsburgh Trauma Medical Hospital. Antes de seguir, vale explicar que esse título traz um trocadilho embutido. “Pitt” não é só um diminutivo para Pittsburgh. A palavra “pit” (mesmo som, grafia parecida) significa “poço” — no sentido demeritório, de “buraco”. Os profissionais que trabalham na instituição reclamam de orçamento curto e de falta de leitos. O cansaço se manifesta nas olheiras generalizadas.
Acompanhamos o turno de 15 horas de uma equipe médica. Cada capítulo cobre uma hora desse período e o efeito para o espectador é de imersão em “tempo real”. Por esse aspecto, “The Pitt” faz pensar em “Sequestro no ar”, estrelada por Idris Elba na AppleTV+. E também, claro, em “24 horas”, série que consagrou essa dinâmica. Esse roteiro segue a mesma fórmula.
The Pitt/Noah Wyle
Divulgação
O protagonista é o Dr. Michael Rabinavitch (Wyle), que todos chamam de Dr. Robby. Ele é bom de diagnóstico, rápido no raciocínio e dotado de grande senso de humanidade. Por meio de flashbacks na pandemia, ficamos sabendo que vive assombrado por demônios pessoais. Nessas sequências, aparece paramentado com todas aquelas roupas de proteção da época da Covid-19, com ar atordoado, no ambulatório lotado. O ator está excelente no papel.
The Pitt/Noah Wyle
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A voltagem é alta. Pessoas sofrendo dos mais variados males não param de chegar ao hospital. A sala de espera lotada é uma fonte de aflição. Ao lado desse ambiente ficam as salinhas de atendimento ambulatorial, separadas por cortinas. Lá reinam a gritaria, os gemidos e a pressa. A câmera transmite essa atmosfera caótica com movimentos rápidos e nervosos.
A narrativa explora forças opostas o tempo inteiro. De um lado, a tragédia dos pacientes, de outro, a disposição salvadora irrestrita do corpo médico. É um hospital-escola, então há ainda os estudantes idealistas que veem a medicina como um chamado. Os episódios são marcados por um gesto recorrente: médicos e enfermeiros transferindo pacientes da maca para a cama. Os corpos são pesados, mas a colaboração coletiva faz a mágica. É tudo permeado pelo heroísmo. São inúmeras subtramas entrelaçadas. Acompanhamos os tratamentos, a recuperação de alguns e os melodrama envolvendo outros e há os conflitos privados dos médicos.
É para grudar na tela.
Home ‘The Pitt’, nova série médica (na Max) é pura eletricidade