Eestrela da noite é Juçara Marçal, cantora do grupo Metá Metá De um projeto de shows, o Quintavant, na pequena mas animada cena carioca da música experimental, nasceu o QTV: selo fonográfico que comemora seus 10 anos de existência este domingo, com festa no Circo Voador, trazendo na bagagem, além de mais de 60 discos, alguns importantes feitos. A estrela da noite é Juçara Marçal, cantora do grupo Metá Metá, que teve seu segundo álbum solo, “Delta Estácio Blues”, de 2021 — a sua estreia no QTV — escolhido como Disco do Ano pela Associação Paulista de Críticos de Arte e indicado ao Grammy Latino de melhor álbum de rock ou de música alternativa em língua portuguesa.
— Eles acompanhavam o nosso trabalho artístico e nós acompanhávamos o trabalho deles como selo e programadores. E bem naquele marasmo da pandemia, a Mari (a produtora executiva Mariana Mansur) se propôs a inscrever o projeto do “Delta” num edital. Com a aprovação, ela propôs a parceria com o QTV — conta Juçara, que apresenta na noite o show de seu mais recente projeto com o selo, “DEB RMX”, o disco de remixes do “Delta”. — Eles têm muito essa iniciativa de propor possibilidades, uma coisa muito arrojada que tem a ver com meu trabalho.
Artista que teve boa parte de seus discos editada pelo QTV, referência na música experimental brasileira do novo século, o cantor e compositor Negro Leo aproveita a noite no Circo Voador para fazer o primeiro show de seu novo álbum, “Rela”, que saiu no fim de novembro — uma investigação musical que passa pelo bumba meu boi do Maranhão e o R&B americano, resvalando no footwork, pagodão baiano, drum’n’bass e o funk carioca, com letras que exploram o universo do sexo e dos relacionamentos contemporâneos.
— A reprodução sexuada é uma vantagem evolutiva, foi ela que garantiu para o ser vivente uma certa biodiversidade — defende o artista, perfilado no livro “Deixa queimar”, editado pelo QTV com a editora Numa, e que este ano participa do espetáculo “Avenida Paulista, da Consolação ao Paraíso”, do diretor Felipe Hirsch.
Além de Juçara e Negro Leo, a programação da festa do selo no Circo Voador ainda traz o cantor e compositor Caxtrinho, de Belford Roxo, com o show de “Queda livre” (que ficou em nono lugar entre os melhores discos de 2024 da revista The Wire, bíblia dos experimentalistas musicais do mundo) e o grupo Crizin da Z.O. (coletivo cujo álbum de 2024, “Acelero”, liquidifica rap, funk, punk, gabba e funk carioca com participação do baterista fundador do Sepultura Iggor Cavalera). Entre um show e outro, apresentam-se os DJs Nathalia Grilo, Lamego, Kohama e Ramemes — ou melhor, Ramon Henrique, 25 anos, fenômeno do funk de Volta Redonda, que em 2024 fez duas turnês europeias (agendadas pelo QTV) e teve uma música sampleada pelo rapper e produtor americano JPEGMafia.
— Eu fazia uns funks meio malucos, meio dodóis da cabeça, e não tinha um agente para me ajudar. Alguém falou de mim para a Mariana (Mansur), ela foi ver meu show e viu que fazia sentido para o selo. E, quando eu conheci o QTV, vi que fazia sentido mesmo — diz Ramon, que participou do “DEB RMX” de Juçara Marçal com o remix da faixa “Ladra”.
Integrante de um coletivo de sete pessoas que partem da música para promover articulações com diferentes áreas de experimentação artística — em especial, o design, o audiovisual e a performance —, Mariana Mansur vê o QTV como “um núcleo de produção em que todo mundo tem voz e propostas”.
— Se um artista chega e a gente acha que ele tem a ver com o selo, a gente tenta trazer ele para mais próximo. Seja cuidando da parte visual, seja ajudando ele a finalizar um trabalho, até para ter uma coisa coesa — explica.
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