A atriz de 48 anos conta também que usa app de relacionamentos e que, por isso, já viajou pela Europa. ‘Se não rolar, conheci um lugar novo’ De chinelos de borracha com meias, moletom e cara lavada, Luana Piovani recebe a reportagem de ELA com um chá de hortelã em sua casa em Cascais, Portugal, país em que vive há seis anos. Um estilo bem diferente da mulher sensual, com um toque rebelde, que aparece nas fotos deste ensaio feito no Rio. Essa dualidade reflete bem o que a atriz, aos 48 anos, mais valoriza atualmente: o equilíbrio entre o cotidiano corriqueiro em casa com os filhos e os momentos especiais de prazeres da vida.
No ar na TV Brasil com a novela portuguesa “Sangue oculto” e tendo acabado de gravar a terceira temporada do programa “Luana é de Lua”, pelo canal E!, ela vai entrar em turnê em Portugal com o espetáculo “Cantos da Lua”, no qual compartilha memórias curiosas de sua vida. Histórias não faltam. Com cinco milhões de seguidores no Instagram, a atriz é uma das vozes mais ativas e polêmicas da internet. Autêntica, não foge de embates. Um exemplo é a PEC das Praias (que propõe a transferência de terrenos à beira-mar para estados, municípios e ocupantes particulares). Luana tornou-se um dos principais expoentes do assunto, ganhando admiradores e comprando brigas, inclusive com Neymar. O youtuber Felipe Neto chegou a dizer que, se não fosse Luana, a proposta teria sido aprovada.
Luana usa blusa Renner, calça Normando, sapatos Alexandre Birman e acessórios Hector Albertazzi
Jorge Bispo
Na linha de frente das suas batalhas está a luta pela defesa dos direitos das mulheres. Na semana passada, apoiou mais uma vez Mariana Goldfarb, ao compartilhar e comentar um vídeo da modelo e ex-mulher do ator Cauã Reymond, dizendo que continuará falando de forma pública sobre um antigo relacionamento abusivo. Luana tem propriedade no assunto. Em 2008, denunciou o então namorado, o ator Dado Dolabella, por violência doméstica e foi acusada pela opinião pública de “querer aparecer”. Tampouco se furta a comentar as desavenças com o ex-marido, o surfista Pedro Scooby.
A postura independente e combativa faz muita gente duvidar de que Luana seja evangélica. “O evangélico está muito mal representado”, ela define. Na entrevista a seguir, a mãe de Dom, de 12 anos, e dos gêmeos Bem e Liz, de 9, fala ainda sobre maternidade, processos judiciais e filosofa sobre sua “vidinha colorida”, que ela faz questão de viver em todas as nuances. Ao menos nos cabelos, o rosa, por ora, é o tom da vez.
Em 2017, à Revista ELA, você disse que, “com uma família estabelecida e uma carreira concretizada, estava no lugar onde almejava estar”. Hoje , aonde almeja chegar?
Na juventude, a gente acha que vai chegar a algum lugar, né? Na verdade, a vida é o caminho diário. Hoje, quero ter saúde física e mental. A lucidez é muito importante porque você consegue valorizar o que tem, minimizar a dor, os problemas…
Naquela entrevista, também disse que queria chegar aos 104. Ainda tem esta vontade?
Faço aquele meio termo: meio droga, meio salada. Tomo minha bebida, fumo meu cigarrinho, viajo de primeira classe, gosto dos hotéis cinco estrelas, mas estou lá na manifestação junto a outras mulheres, mando cesta básica para quem está passando fome… E é assim que eu quero chegar aos 104 anos.
Luana veste túnica Animale na The Storage Second Hand
Jorge Bispo
E o que aprendeu sobre a maternidade?
Que não sou sozinha. Meus filhos têm um pai. É uma lição difícil de aprender quando temos vocação para a maternidade e não a praticamos de forma “compulsória”. Escolhi ser mãe, então, é mais difícil abrir mão. Deixei o Dom ir morar com o pai no Brasil depois de dois anos de muita luta comigo mesma. Uma hora, vi que não estava sendo positivo para ninguém ele estar aqui. O pai era um herói e eu, a bruxa. Estava sem harmonia dentro da minha casa porque tinha um soldado inimigo no meu castelo. Agora, ele está em lua de mel comigo, e o pai está mais responsável porque, quando a água bate na bunda, a gente tem que nadar.
Já em 2019, numa outra entrevista à revista ELA, logo após se separar, também disse que achava que “nunca mais iria se casar, que queria passar o rodo e se divertir”. E hoje?
Está difícil demais passar o rodo. No fim do ano, fui com o rodo na mão para o Brasil. Achei que eu ia dar na cara da macharada. Mas, não. Os homens bonitos, os interessantes, os que falam bem, os sorridentes, são todos gays. Os héteros estão velhos e acabados. O pessoal não foi para a academia, não foi para o dermatologista e não foi para a psicanálise. O que é visualmente interessante, quando você chega perto, é um boy lixo no último grau, um povo blasé, que não responde mensagem, que dá ghostzinho. Comigo? Dona do circo? Não mesmo!
Usa app de encontros?
Sim, estou no Raya, que é pago. Em Portugal tem pouca gente, mas eu fui me comunicando com homens de outros países. Adoro esse negócio de passar dois dias na França, três dias em Milão… Se não der certo, conheci um lugar novo.
Luana Piovani: ‘Os homens bonitos, os interessantes, os que falam bem, os sorridentes, são todos gays. Os héteros estão velhos e acabados’
Jorge Bispo
Você fala o que pensa e assume as consequências. Além do processo do Neymar, que é notório, responde a outros?
Sou filha de advogada e sempre estou consciente do que falo. Sei quando pode dar merda. E ainda confio em juízes e bons advogados. Então, vou para cima. Não sou leviana. Respondo a três processos. Um deles acabou de chegar, movido pela Sarí Corte Real (condenada por abandono de incapaz que resultou na morte do menino Miguel, que caiu de um prédio em Recife, em 2020). É um pedido de indenização de cunho moral no valor de R$ 50 mil, por eu ter dito que ela matou Miguel e a ter chamado de rica. Começo a perceber que estou tomando uma posição de heroína do Brasil quando sou processada por algozes.
Você é muito politizada. Podemos esperar uma candidatura a algum cargo aqui ou no Brasil?
Jamais. Apesar de amar a Tabata Amaral, a Manuela D’Ávila, a Erika Hilton, nunca vou ter coragem. Ia jogar microfone na cabeça, atirar sapato… Não tenho condições, meu sangue ferve.
Controla o uso das redes pelos seus filhos?
Os gêmeos moram comigo e não têm celular. Agora, o outro está lá no Brasil, tem celular, sem controle. Mas eu consigo tirar essa pedra do meu bolso, sabe? É meu filho, mas não está mais sob a minha tutela. Eu, sim, uso demais, mas acho que uso bem. Sou presente na vida dos meus filhos, faço lição com eles, eles não me veem com o celular à mesa…
Falando no Scooby, você comemorou que ele não renovou o contrato com uma bet…
Realmente, significou muito para mim. Aquilo me sangrava, era como se fosse comigo, porque ele é o pai dos meus filhos. Ficava arrasada, tinha vergonha, constrangimento. Graças a Deus, no início do ano, ele me deu essa notícia de que não renovou.
Luana Piovani usa vestido Alphorria
Jorge Bispo
Você é evangélica e muita gente não acredita ou não sabe. Como trabalha a sua fé?
O que virou o evangélico, né? Está num lugar tão mal-representado. É Claudia Leitte que troca nomes nas músicas… É um bando de pastor roubando dinheiro dos fiéis e abusando de mulheres… Em Jaboticabal (interior de São Paulo), onde passei a infância, eu ia a uma igreja com a minha avó ter aula de parábolas bíblicas. Adorava. Outro dia, quando disse que sou evangélica, me perguntaram: e eles te aceitam lá? Questionei: desde quando ser uma mulher independente, combativa, não é sinônimo de ser alguém com fé? Hoje, gosto um pouco de budismo e, depois que virei mãe, encontrei Maria. Mas ainda me considero evangélica porque é dali que vem minha base. Aqui em casa, oramos todas as noites.
Outro dia, Você se posicionou sobre um post da Mariana Goldfarb. Se reconhece nela ao falar sobre relacionamentos abusivos?
Eu já repostei várias vezes, e meto o pau nesse ex-namorado abusivo dela. Homem não pode saber que é bonito, homem não sabe lidar com essa grandeza… Vira um bosta.
Portugal é a sua casa?
É agora. Não será para sempre. Eu vim para cá para criar os meus filhos. E essa conta tem mais 10 anos pela frente.
O que espera de 2025?
Espero viajar muito com a minha peça, fazer mais edições do Oráculo (encontros que discutem temas do universo feminino) e continuar tendo essa minha vidinha corriqueira, colorida e deliciosa. Desse jeitinho mesmo, de pantufa comida pelo cachorro, com roupa de quem acabou de sair da ginástica, cuidando das crianças. Gosto da vida banal, medíocre. Porque aí eu acho que dá um gosto quando a gente faz uma outra coisa.
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