Monitoramento esbarra no custo milionário e na capacidade de processamento de grande volume de informações Enquanto os bombeiros de Los Angeles lutam contra os pontos críticos restantes mais de uma semana após incêndios mortais, cientistas e engenheiros esperam que a crescente disponibilidade de dados de satélite ajude no futuro.
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Grupos focados em tecnologia estão lançando novos equipamentos à órbita à medida que os lançamentos espaciais ficam mais baratos, enquanto as técnicas de aprendizado de máquina filtrarão a torrente de informações, encaixando-as num quadro mais amplo de risco de incêndio em um ambiente em mudança.
— Os satélites podem detectar áreas espaciais que são secas e propensas a incêndios florestais, ambientes em chamas e casos latentes, bem como áreas queimadas e emissões de fumaça, e rastrear emissões de gases. Podemos aprender com todos esses tipos de elementos — disse Clement Albergel, chefe de informações climáticas na Agência Espacial Europeia.
Diferentes satélites têm papéis diferentes dependendo de sua órbita e carga útil do sensor.
A órbita baixa da Terra (LEO) é geralmente inferior a 1.000 quilômetros acima da superfície — em comparação com até 14 km para um avião comercial. Os satélites nessa região oferecem imagens terrestres de alta resolução, mas veem qualquer ponto dado apenas brevemente, enquanto varrem o planeta.
Já satélites geoestacionários orbitam em torno de 36 mil km, permanecendo sobre a mesma área na superfície da Terra — permitindo observação contínua, mas geralmente em resolução muito menor.
Imagem de satélite mostra fogo em Malibu, Los Angeles
Satellite image ©2025 Maxar Technologies / AFP
À medida que as mudanças climáticas trazem números crescentes de incêndios florestais invadindo áreas habitadas por humanos, essa resolução pode ser crucial.
— Em Los Angeles, há observações de satélite, mas é muito difícil determinar: é minha casa que está pegando fogo? Onde exatamente é isso? — explicou Natasha Stavros, da WKID Solutions, uma especialista em incêndios florestais que também trabalhou na Nasa. — Algumas pessoas ficam porque realmente não entendem… É daí que vem essa ideia (de que) precisamos de mais observações disponíveis.
‘Mais fogo do que sabemos’
Brian Collins, diretor da organização sem fins lucrativos Earth Fire Alliance, sediada no Colorado, planeja uma nova “constelação” de satélites de órbita baixa para complementar os recursos existentes.
Ele ostentará um sensor com resolução de cinco metros, muito mais fino do que os atuais satélites Sentinel-2 da ESA, que podem ver objetos de apenas 10 metros de largura.
— Isso significa que vamos aprender muito rapidamente que há mais fogo na Terra do que sabemos hoje. Vamos encontrar fogos muito pequenos — prevê Collins.
A EFA pretende lançar quatro satélites até o final de 2026, o primeiro em apenas algumas semanas, a um custo total de US$ 53 milhões.
Esse valor é uma “gota no oceano” contra os danos materiais e vidas perdidas em incêndios florestais, disse Genevieve Biggs da Fundação Gordon e Betty Moore, que apoiou financeiramente o projeto de satélite da EFA.
Seria necessário todo o conjunto planejado de 55, custando um total de US$ 400 milhões, para atingir a meta de Collins de obter imagens de cada ponto da Terra pelo menos uma vez a cada 20 minutos.
Dezenas de satélites em órbita poderiam “detectar e rastrear incêndios em uma cadência que permite que decisões sejam tomadas no solo”, disse Collins.
Esforços menos grandiosos incluem a OroraTech, sediada na Alemanha, que na terça-feira lançou o primeiro de pelo menos 14 “nanosatélites” FOREST-3, do tamanho de uma caixa de sapatos.
O sistema “entregará alertas de incêndio florestal ultrarrápidos e dados térmicos de alta qualidade”, disse o presidente-executivo Martin Langer em um comunicado.
A fundação Moore também está apoiando um projeto de satélite geoestacionário chamado FUEGO.
‘Última milha’
Dados adicionais de todos esses novos satélites seriam “fantásticos”, disse Albergel da ESA, mas o grande volume de informações pode ser problemático.
Sozinho, o Sentinel-2 da ESA envia um terabyte de dados — a capacidade de armazenamento de um laptop moderno de última geração — todos os dias.
Encontrar sinais de incêndio em tais resmas de dados “é um excelente problema de aprendizado de máquina, inteligência artificial… a ‘agulha no palheiro'”, disse Collins.
Os dados podem, em última análise, ajudar a prever novos focos de incêndio e sua progressão, ele acrescentou.
Olhando para o futuro, Stavros disse que “tudo isso trabalhando junto” ajudará os socorristas e reduzirá o risco de incêndios.
Além da detecção e rastreamento de alta tecnologia, o programa de incêndios florestais da Moore Foundation também se concentra em tornar as comunidades mais resilientes e gerenciar ecossistemas propensos a incêndios — o que pode incluir “aumentar o fogo ecologicamente benéfico enquanto diminui o fogo prejudicial”, disse Briggs.
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