Ex-porta-voz da PM dá sua versão: ‘Disque Denúncia era de que Peixão, criminoso mais procurado, estava no prédio’

Ivan Blaz explica que entrou no edifício no Flamengo, onde ocorreu uma confusão com o porteiro, com a intenção de realizar uma grande prisão, e afirma: ‘Uma abordagem policial não é algo sutil’. Um Disque Denúncia, difundido para quatro unidades vinculadas às polícias Civil e Militar, datado do último dia 10, fez com que o então comandante do 2º BPM (Botafogo) e ex-porta-voz da Polícia Militar, o tenente-coronel Ivan Blaz, fosse conferir pessoalmente se a informação era falsa ou verdadeira. O relato da denúncia era de que o traficante Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão, que comanda o tráfico do Complexo de Israel, estava escondido em um prédio de classe média, na Avenida Rui Barbosa, no Flamengo, Zona Sul do Rio. A informação era falsa, mas a confirmação só veio após uma confusão no local. O porteiro do prédio chegou a ser ameaçado durante a abordagem.
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Imagens de câmeras de segurança do prédio mostram o porteiro deitado no chão, de costas, com o tenente-coronel e uma policial feminina obrigando o funcionário a dizer onde estaria Peixão. Blaz entrou no prédio com uma policial feminina do quartel que comandava, sem mandado de busca e apreensão. O tenente-coronel foi exonerado do comando do quartel de Botafogo, e a Corregedoria da Polícia Militar instaurou um procedimento para investigar as circunstâncias da abordagem. O blog Segredos do Crime procurou o ex-comandante para ouvir sua versão do caso:
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“Eu estava no quartel quando recebi o Disque Denúncia sobre a presença do Peixão, hoje o criminoso mais procurado do Rio de Janeiro. Dizia que o bandido estaria em um prédio no Flamengo, ali na Rui Barbosa, área nobre do 2º Batalhão da Polícia Militar. Fui para lá de imediato. Montamos uma operação de cerco com agentes reservados. Fiz questão de ir chefiando, comandando essa ação sensível, com vários agentes reservados. O meu P2 (policial do serviço reservado) estava ali também, além de agentes ostensivos, fardados, que estavam no entorno.
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A área foi cercada, montamos uma boa cobertura. Eu e uma policial nos aproximamos do prédio, porque ainda precisávamos procurar o número do prédio e tudo mais. Criei uma situação, um disfarce de cobertura, como se eu e a policial fôssemos namorados. Ficamos ali, na esperança de algum morador sair.
Tentamos segurar a porta e entrar, mas isso não estava dando muito certo. Foi então que chamei o porteiro. Ele foi até o portão da garagem. Identifiquei-me como coronel da Polícia Militar e comandante do batalhão. Falei da informação do Disque Denúncia. De repente, dois pedreiros começaram a discutir com o porteiro, e ele achou que se tratava de um assalto. Houve gritaria, e foi nesse momento que entramos.
Eu e a policial feminina entramos, e vários outros policiais entraram junto. O apartamento indicado no Disque Denúncia não era o de nenhum criminoso. Na verdade, era o apartamento da síndica. O Disque Denúncia foi um Disque Vingança. Algum vizinho incomodado com a síndica resolveu fazer a denúncia falsa, mas não sabíamos disso.
Não entramos no apartamento dela porque ela não estava em casa. Isso, logicamente, causou tumulto. O porteiro precisou ser rendido, pois estava muito agitado. Ao ser contido, foi colocado no chão. Uma abordagem policial não é algo sutil.
Quando constatamos que a denúncia era falsa, fomos embora. Fizemos o BOPM (Boletim da Polícia Militar), um relatório ali, pronto, ok. Agora, lógico, a síndica fez o registro.
Houve várias ilações a meu respeito, desrespeitosas. Não estava alcoolizado. Fazia parte do meu disfarce. Estava fingindo que estava bebendo com uma mulher, para não parecer que se tratava de uma operação policial. Ela (a policial) estava com uma lata de cerveja, sim! Eu comprei naquele posto de gasolina que tem ali em frente ao edifício, assim como o pacote de biscoito. Joguei o conteúdo fora para colocar a pistola dentro. A história da cobertura era essa.
A camisa na cabeça foi porque minha cara é conhecida. Muitas pessoas andam assim, meio loucas, na rua.
Aí, quando deu esse problema todo, veio a denúncia para a Corregedoria da PM. O comandante decidiu me afastar. Vou dar um tempo, dar atenção à minha família, a mim mesmo, desacelerar. Não fui extorquir ninguém, não estava drogado, não estava bêbado, mas que bom que parecia estar, porque a ideia era essa. Para conseguir o máximo na nossa profissão, temos que nos infiltrar e fazer coisas cinematográficas. Às vezes, para conseguir aquilo que mais ninguém tem, não é?
A intenção era, de fato, fazer uma grande prisão. Sempre me dediquei ao máximo à minha profissão, pois amo o que faço. Logicamente, sempre estaremos colocando em risco nossa vida e liberdade para cumprirmos a missão.”

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