Advogado do cunhado de comerciante assassinado nega que cliente e viúva traíram vítima; entenda

Mario Badures, que representa Mario Vitorino, apresentou a resposta à acusação do crime. Igor Peretto, de 27 anos, foi assassinado a facadas no apartamento da irmã em Praia Grande (SP). Mario Vitorino (à esq.), Igor Peretto (centro) e Rafaela Costa (à dir.)
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O advogado de Mario Vitorino, cunhado e sócio de Igor Peretto, o comerciante assassinado a facadas no apartamento da irmã em Praia Grande, no litoral de são Paulo, apresentou à Justiça a defesa do cliente. No documento obtido pelo g1, Mario Badures negou um relacionamento extraconjugal entre o acusado e Rafaela Costa, viúva da vítima.
Mario Vitorino, Rafaela Costa e Marcelly Peretto (irmã da vítima) foram presos por envolvimento no crime. As mulheres se entregaram à polícia, enquanto o homem foi detido após ser encontrado escondido na casa de um tio de Rafaela.
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De acordo com o advogado, Marcelly deixou registrou em depoimento que não se relacionava mais com o Mario no período em que o crime ocorreu. Além disso, segundo Badures, a mulher afirmou também que Igor e Rafaela não tinham mais qualquer tipo de relacionamento. A informação teria sido confirmada pela viúva.
“Deixando algo absolutamente óbvio: todos os personagens que supostamente seriam traidores/traídos em face do falecido apontam que não existia o que a Acusação sustenta, como premissa básica do crime, em sua imaginária denúncia”, defendeu Badures.
Para o advogado, não há qualquer elemento de convicção palpável para provar o relacionamento extraconjugal. Ele reforçou que é de conhecimento da polícia e do Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) que Marcelly e Mario residiam em locais diferentes, assim como Rafaela e Igor.
“A questão é simplória e não demanda um esforço cognitivo: não há que se falar em traição (amorosa) quando duas pessoas estão totalmente livres de todo e qualquer relacionamento, eis que separado de corpos ainda que sem efetivar o divórcio”, complementou.
No documento em que apresentou a defesa de Mario, o advogado também mencionou que as acusadas Rafaela e Marcelly, “igualmente mulheres, e no caso totalmente solteiras”, aleatoriamente na madrugada do crime, trocaram carícias sem a ciência e consentimento da vítima.
“Seria necessária então, no entendimento do Ministério Público, a ‘autorização’ para prosseguirem com suas vidas já sem qualquer vinculação com Igor Peretto?”, questionou ele.
O advogado negou que a motivação do crime tenha sido financeira, uma vez que Mario sequer era beneficiário econômico de Igor. “O fluxo financeiro da vítima é infinitamente superior ao acusado, mais um motivo do qual não guarda qualquer sintonia fática a ilação econômica/financeira”.
Badures alegou, ainda, que o perito responsável interrompeu a explicação fornecida por Mario durante a reprodução simulada do crime. “De maneira incisiva e imperativa, o advertiu de que deveria parar de mentir e colaborar com a justiça”, disse.
Para o advogado, o comportamento incomum do perito comprova a ausência de imparcialidade na perícia. “A análise há de ser obrigatoriamente imparcial e se utilizando de métodos técnicos e objetivos, passíveis de repetição e dotado de cientificidade, afastando-se dos vieses de manipulação”.
O advogado considerou a fase investigativa e ação penal “infeliz, lamentável e absolutamente inacreditável espetáculo midiático”. De acordo com ele, o “tosco cenário” que ocorre nas redes sociais resultou em prejuízo à defesa de Mario, que se vê julgado por questões morais e em um ambiente hostil.
“Soubessem as pessoas que acreditaram numa série de inverdades e que nunca, jamais, em tempo algum existiu “traição”, “subtração de valores financeiros”, “conluio”, “planejamento e execução” e “fuga deliberada”, talvez pudesse a verdade factual, aquela que pode ser ao menos alcançada, fazer parte do devido julgamento nesta ação penal”, defendeu.
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Últimas palavras
Cronologia da morte do comerciante Igor Peretto: tudo que se sabe da descoberta da traição à morte
Reprodução
De acordo com as testemunhas, Igor declarou amor pela esposa, Rafaela Costa, minutos antes de ser morto a facadas no apartamento da irmã em Praia Grande. As últimas palavras constam em um inquérito da corporação e em uma denúncia do MP-SP.
“Vocês sabem o quanto eu amo aquela mulher, [o] quanto sou louco por ela”, disse Igor, de acordo com uma testemunha. “Vocês tudo contra mim, tudo armando contra mim. Eu era o único que não sabia de nada”.
Segundo a denúncia do MP-SP, Igor também demonstrou estar decepcionado com a irmã e o cunhado. “Do que adiantou eu fazer tudo? Eu me esforço tanto, eu fiz isso sempre por todos, seus traíras, p***”, teria dito a vítima antes de ser morta a facadas.
Triângulo amoroso
Casais (Mário e Marcelly, à esq. e Igor e Rafaela, à dir.) moravam próximos em Praia Grande (SP)
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O MP-SP concluiu que o trio premeditou o crime porque Igor era um “empecilho no triângulo amoroso” entre Rafaela, Marcelly e Mario Vitorino. Ao g1, a promotora Roberta afirmou ter considerado o caso como “chocante e violento”.
A promotora disse que em nenhum momento os envolvidos tentaram salvar Igor ou minimizar o sofrimento dele. “Fizeram buscas de rota de fuga ou de quanto tempo demoraria para [o corpo] cheirar e chamar a atenção de alguém e eles terem tempo de fugir”, complementou.
Vantagem financeira
Igor Peretto, irmão do vereador de São Vicente (SP), Tiago Peretto (União Brasil), foi morto a facadas em Praia Grande
Reprodução/Redes Sociais e Thais Rozo/g1
De acordo com a denúncia recebida pela Justiça, a morte de Igor traria “vantagem financeira” aos acusados. Os advogados dos presos negaram a versão apresentada pelo MP-SP, que afirmou que Rafaela mantinha relacionamentos extraconjugais com Mário e Marcelly, estabelecendo uma relação íntima entre o trio sem o conhecimento do comerciante.
O Ministério Público citou quais seriam as vantagens financeiras aos denunciados. Segundo o órgão, Mário poderia assumir a liderança da loja de motos que tinha em sociedade com o cunhado, enquanto a viúva receberia herança. “Marcelly, que se relacionava com os dois beneficiários diretos, igualmente teria os benefícios financeiros”.
O MP considerou a ação do trio contra Igor um “plano mortal”. O documento diz que eles planejaram o crime, sendo que Mário desferiu as facadas, a viúva atraiu o comerciante e, junto com Marcelly, incentivou Mário a matá-lo.
O órgão levou em conta essas informações para elaborar a denúncia por homicídio qualificado. “O crime foi cometido por motivo torpe, pois Mário, Rafaela e Marcelly consideraram Igor um empecilho para os relacionamentos íntimos e sexuais que os três denunciados mantinham entre eles.
Ainda segundo a denúncia, o assassinato também foi praticado mediante recurso que dificultou a defesa da vítima, pois Igor estava desarmado e foi atacado por uma pessoa com quem tinha relacionamento próximo e de quem não esperava mal.
Sobre o crime
Casais estavam dentro do apartamento onde Igor Peretto foi encontrado morto em Praia Grande (SP)
Yasmin Braga/g1 e Reprodução/Redes Sociais
O crime aconteceu em 31 de agosto no apartamento da irmã de Igor, em Praia Grande. Dentro do imóvel estavam a vítima, Marcelly e Mário Vitorino. Rafaela chegou com Marcelly ao apartamento, mas o deixou 13 segundos antes do marido chegar com o suspeito pelo assassinato.
De acordo com os depoimentos do trio e dos advogados, a viúva Rafaela tinha um caso com Mário. Além disso, o advogado de Marcelly chegou a dizer que a cliente e Rafaela tiveram um envolvimento amoroso no local antes da chegada de Igor e Mario no apartamento.
Igor Peretto foi morto a facadas e teria ficado tetraplégico [sem movimento do pescoço para baixo] se tivesse sobrevivido. A informação consta em laudo necroscópico obtido pelo g1. Três pessoas próximas à vítima foram presas: Viúva, irmã e cunhado.
Prisões
Mario, Marcelly e Rafaela, investigados pelo homicídio contra o comerciante Igor Peretto
Reprodução e Redes sociais
As mulheres se entregaram e foram presas em 6 de setembro, enquanto Mário foi detido após ser encontrado escondido na casa de um tio de Rafaela, em Torrinha (SP), no dia 15 do mesmo mês.
O trio havia sido preso temporariamente em setembro e, no início de outubro, a prisão temporária foi prorrogada. Na ocasião, a defesa de Rafaela chegou a entrar com pedido de habeas corpus, que foi negado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
A Justiça de Praia Grande (SP) converteu as prisões do trio, de temporárias para preventivas, após a denúncia feita pelas promotoras Ana Maria Frigerio Molinari e Roberta Bená Perez Fernandez, do MP-SP.
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