Casal de empresários é suspeito de sumir com café e causar prejuízo milionário a produtores do interior de SP

Sócios de empresa que detém armazéns é investigado depois que ao menos 16 cafeicultores prestaram queixa à Polícia Civil em Altinópolis (SP). Autoridades pediram bloqueio de bens dos suspeitos. Um casal de empresários, donos de armazéns de café, é investigado pela Polícia Civil pela suspeita de ter sumido com sacas do produto e de ter causado um prejuízo milionário a produtores rurais de Altinópolis (SP), na Alta Mogiana, um dos principais polos cafeicultores do estado de São Paulo e do país.
Ao menos 16 pessoas prestaram queixa às autoridades até quinta-feira (16) e o cálculo inicial é de que o rombo causado aos produtores é de R$ 20 milhões, mas pode chegar a R$ 70 milhões.
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“[O prejuízo] pode ser muito maior, porque outras pessoas vão procurar a delegacia para registrar a ocorrência policial”, afirma o delegado seccional de Ribeirão Preto (SP), Sebastião Vicente Picinato.
Sacas de café produzido na região de Ribeirão Preto (SP).
Reprodução/EPTV
Inicialmente, a Polícia Civil investiga o crime de apropriação indébita qualificada, mas também apura a prática de lavagem de dinheiro e, por isso, solicitou o bloqueio de bens dos investigados à Justiça.
Até a última atualização desta notícia, os empresários, que não tiveram a identidade divulgada pela polícia, não tinham sido localizados.
Sumiço de café
Os investigados, segundo o delegado, são donos de uma empresa que detém armazéns e entrepostos, que ficam responsáveis por guardar e negociar o café de produtores rurais e que tinham credibilidade por atuarem há anos na região.
“O produtor colheu o seu café, fez o beneficiamento, ele quer depositar esse café em algum local seguro. Essas corretoras de café ou armazéns recebem essa carga e deixam o café à disposição do corretor. Em momento oportuno, ele vai querer vender ou não, a empresa que faz a corretagem do café tem o lucro dela com relação ao armazenamento e depois até uma comissão de venda”, explica Picinato.
Esta semana, no entanto, produtores relataram à Polícia Civil que os sócios não foram mais encontrados nem atenderam telefonemas depois de serem procurados para negociar o café.
Produção de café na Alta Mogiana, no interior de São Paulo.
Reprodução/EPTV
“Nós fomos procurados por uma vítima que alegava que possuía depositado nesse armazém aproximadamente sete mil sacas de café e em tratativas com o corretor, pediu que fosse vendido, aproveitando a alta do preço, inclusive para custear despesas do manejo do café. E para surpresa dela, o investigado começou a dar evasivas”, diz.
Diante das suspeitas, a Polícia Civil cumpriu na quinta-feira cinco mandados de busca e apreensão nos endereços dos sócios e apurou que quase não havia sacas de café nos armazéns, o que, para o delegado, dá indícios de que eles se apropriaram ou extraviaram a mercadoria.
“Os armazéns e entrepostos mantidos pela cafeeira estavam praticamente vazios, apenas um deles tinha três packs de café e mais umas sacas, o que deve ser em torno de 50 sacas de café de 60 quilos, alguns implementos agrícolas, maquinarias que não foram objeto de apreensão naquele momento.”
‘Vamos seguir o caminho do dinheiro’
Além de localizar os suspeitos, as autoridades querem saber qual foi o destino do café. O produto que sumiu dos armazéns, segundo o delegado, pela elevada qualidade, geralmente é destinado ao mercado internacional.
Por isso, Picinato solicitou o bloqueio de contas bancárias, veículos, imóveis e outros ativos financeiros do casal.
“Vamos seguir o caminho do dinheiro para saber quem se beneficiou com isso, com a maneira que lá na frente, através de uma competente ação cível, as vítimas possam se ver ressarcidas, total ou parcialmente.”
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