Para enfrentar calor extremo de até 41,8ºC no Pantanal, gelo é misturado ao concreto da Ponte da Bioceânica

A estrutura é fundamental para viabilizar o Corretor Bioceânico, a megaestrada que liga a costa do oceano Atlântico, no Brasil, a do Pacífíco no Chile, cruzando ainda o Paraguai e a Argentina. Ponte da Bioceânica que liga Porto Murtinho, no Brasil, a Carmelo Peralta, no Paraguai
Toninho Ruiz/Arquivo Pessoal
A construção da Ponte da Bioceânica, ligando o Brasil, por Porto Murtinho, em Mato Grosso do Sul, ao Paraguai, por Carmelo Peralta, atingiu nesta semana 65% de conclusão, segundo o Ministério de Obras Públicas e Comunicações (MOPC), do país vizinho.
A estrutura construída entre o Pantanal sul-mato-grossense e o Chaco Paraguaio, é fundamental para viabilizar o Corretor Bioceânico, também chamado de Rota da Integração Latino Americana (RILA). O corredor é uma megaestrada que liga pelo modal rodoviário, a costa do oceano Atlântico, no Brasil, a do Pacífico no Chile, cruzando ainda o Paraguai e a Argentina.
Segundo o MOPC, para enfrentar uma situação climática extrema na região, as altas temperaturas, está sendo utilizada uma inovação técnica, a incorporação de gelo na mistura do concreto utilizado na construção da ponte.
Gelo está sendo misturado ao concreto na construção da Ponte da Bioceânica para enfrentar o calor extremo da região
Toninho Ruiz/Arquivo Pessoal
A técnica, conforme o ministério, assegura a correta hidratação e resistência ao concreto e evita o seu endurecimento prematuro, em razão da geração de calor do processo químico de hidratação do cimento, acelerado em altas temperaturas e pode provocar diversos problemas, como fissuras e retenção de umidade.
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), de 15 dias monitorados em 2025, em 10, Porto Murtinho registrou as temperaturas mais altas do país. Entre esses recordes, a menor temperatura foi no dia 11 de janeiro, 38,9ºC e a maior no dia anterior, 10, 41,8ºC. Veja mais no gráfico abaixo:
A ponte está sendo construída por um consórcio binacional, com investimento de R$ 575,5 milhões da administração paraguaia da Itaipu. A estrutura tem uma extensão de 1.294 metros, dividida em três trechos: dois formarão os viadutos de acesso em ambos os lados, e um corresponderá à parte estaiada, com 632 metros sobre o rio Paraguai, incluindo um vão central de 350 metros. Os pilares, elementos centrais da ponte estaiada, alcançarão 130 metros de altura.
A obra incorpora inovações em segurança e acessibilidade, incluindo faixas de rodagem de 3,60 metros, acostamentos de 3 metros, ciclovia e calçada para pedestres. Um elemento distintivo será o sistema de mastros, projetado como portais simbólicos entre os dois países.
A ordem de serviço para a ponte foi emitida no dia 13 de dezembro de 2021 e a obra deve ser concluída em março de 2026, conforme o MOPC. Após o recesso de fim de ano, as obras foram retomadas no dia 9 de janeiro.
Nesta etapa, conforme o ministério paraguaio, serão montados os chamados carro de avanço, estruturas temporárias utilizadas para suportar segmentos da ponte enquanto eles são adicionados sequencialmente para formar a estrutura.
No lado paraguaio da construção, já foi iniciado também o processo de licitação para a pavimentação da licitação da estrada de 3,8 quilômetros para acessar a ponte.
Já no front brasileiro, avança também a construção do acesso que ligará a BR-267 à ponte. Essa obra está orçada em R$ 427 milhões e vem sendo executada pelo Consórcio PDC Fronteira, com recursos do governo brasileiro, por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Além da alça de 13,1 quilômetros que ligará a rodovia à ponte, também está sendo construído o contorno rodoviário em Porto Murtinho e o centro aduaneiro, que fará o controle do acesso entre o Brasil e o Paraguai.
A obra foi iniciada em 20 de setembro, e o prazo de conclusão é de 26 meses. O consórcio responsável já está realizando a limpeza na área de abrangência do acesso e o isolamento de toda a extensão do trecho.
Vantagem competitiva do corredor
A megaestrada, segundo estudos da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), pode encurtar em mais de 9,7 mil quilômetros a rota marítima das exportações brasileiras para a Ásia, via portos chilenos de Iquique, Antofagasta e Mejillones. Em uma viagem para a China, por exemplo, pode reduzir o tempo em 23%, cerca de 12 dias a menos.
Rota Bioceânica passa pela Cordilheira dos Andes para ligar as costas do Brasil a do Chile
Anderson Viegas/g1 MS
Esse ganho logístico representa incremento de competitividade para os produtos sul-mato-grossenses e brasileiros. Além disso, a rota possibilita o incremento da comercialização entre os quatro países por onde passa: Brasil, Paraguai, Argentina e Chile, além de promover a integração cultural e o turismo.
Veja vídeos de Mato Grosso do Sul:

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