Barricada na Cidade Alta foi cavada em via movimentada e a 50 metros de estação de trem; trincheira continua lá

Em dezembro, motorista de aplicativo foi obrigado a entrar na favela, onde foi rendido. Trincheira foi cavada ao lado de estação de trem na Cidade Alta
A barricada que obrigou um motorista de aplicativo a entrar na Cidade Alta — e ser rendido por homens armados — foi colocada em uma das principais ruas de Cordovil e praticamente em frente à estação de trem do bairro.
O tráfico cavou uma trincheira na Rua Lyrio Mauricio da Fonseca, que margeia a linha do trem — vias que acompanham os trilhos são importantes corredores para carros e ônibus na Zona Norte do Rio de Janeiro.
O g1 apurou que o episódio com o condutor foi em dezembro. Nesta quinta-feira (16), o Globocop sobrevoou a região e viu que o fosso continua escavado no asfalto e parcialmente coberto por tampões. A armadilha fica a 50 metros de uma das entradas da Estação Cordovil da Supervia.
Mapa mostra onde fica a barricada na Cidade Alta
Infografia: Veronica Medeiros/g1
Relembre o episódio
No mês passado, um motorista de aplicativo e uma passageira foram rendidos por traficantes da Cidade Alta depois que tiveram de mudar o caminho por causa da barricada. Todo o episódio foi gravado pelas câmeras de segurança instaladas no carro. O condutor chega a pedir perdão para os bandidos para não ser morto (veja acima).
O registro, de 3 minutos e 10 segundos, foi publicado inicialmente pela Band News FM RJ e depois obtido pelo g1.
O condutor seguia pela Rua Lyrio Mauricio da Fonseca, nas proximidades da estação de trem de Cordovil da Supervia, quando se deparou com a trincheira. “E agora?”, diz para a passageira. O motorista deu meia-volta e entrou na Estrada do Porto Velho, que mais à frente desemboca na Avenida Brasil.
Mas, na esquina com a Rua Canto do Buriti, o carro foi abordado por uma dupla com fuzis: um saiu de trás de um caminhão de mudança, outro surgiu detrás de um poste.
A passageira se desespera, pede ao motorista para abaixar os vidros e chega a desembarcar do carro. O condutor sai instantes depois. Logo aparecem outros 2 criminosos em uma moto.
Os bandidos passam a questioná-lo por que ele está ali. O vídeo não mostra, mas o motorista se deita no chão e pede “perdão” aos criminosos.
É possível ouvir que o motorista fala que estava trabalhando.
“Eu estou trabalhando! Perdão, perdão, mano! Sou Uber! Pode ver aí que estou trabalhando para a moça! Perdão, mano, de verdade! Perdão, não olhei! Eu estava olhando o caminho aqui e não vi! Faço o quê? Meia volta?”, perguntava o homem, após ser humilhado pelos criminosos.
Motorista de aplicativo erra o caminho e pede ‘perdão’ a bandidos ao entrar em comunidade
Um criminoso diz que ele entrou em alta velocidade na região e manda ele “sumir”.
O motorista de aplicativo retorna com a passageira, que, desesperada, pede para sair do local o mais rápido possível.
Segundo a Polícia Militar, o 16º BPM (Olaria) não foi acionado para a ocorrência.
Bandido armado de fuzil e colete à prova de balas abordou motorista na Estrada do Porto Velho, em Cordovil
Reprodução
7 mil toneladas de barricadas
Nesta quarta-feira (15), o secretário de Segurança Pública, Victor Santos, afirmou que as forças de segurança do Rio de Janeiro retiraram mais de 7 mil toneladas de barricadas nas comunidades dominadas por facções criminosas em 2024.
Victor Santos afirmou que a Polícia Militar do estado é a única polícia do Brasil que tem um núcleo específico, com equipamentos de construção civil, voltado para a retirada dessas barreiras.
“Algumas comunidades não têm operações há alguns anos. É normal que aquele criminoso, onde o estado não se faz presente nem com a segurança, acaba criando essas estruturas físicas. Só no ano passado, a PM tirou mais de 7 mil toneladas de barricadas, em todo o Estado do Rio de Janeiro”, disse Victor Santos.
Bandidos com fuzis na Estrada do Porto Velho, em Cordovil
Reprodução

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