‘Harmonização de bumbum’: conheça substância usada em paciente que morreu horas após procedimento

Família diz que ‘harmonização’ foi feita com PMMA, material que traz diversos riscos à saúde. Mulher foi achada morta no dia seguinte ao procedimento. Médico fala sobre PMMA, substância usada em ‘harmonização de bumbum’ de mulher que morreu após procedimento
No sábado (11), a comerciante Adriana Barros Lima Laurentino, de 46 anos, foi achada morta depois de se submeter a uma “harmonização de bumbum” realizada no dia anterior. De acordo com a família, o procedimento foi feito utilizando polimetilmetacrilato, material conhecido como PMMA.
A substância, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica em Pernambuco (SBCP-PE), é proibida para fins estéticos (veja vídeo acima). O caso é investigado pela Polícia Civil e pelo Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe).
✅ Receba no WhatsApp as notícias do g1 PE
Segundo a entidade, o médico que fez o procedimento, Marcelo Vasconcelos, não tem inscrição ativa no conselho do estado e a clínica Bodyplastia, onde o profissional atende, não possui estrutura adequada para a realização de intervenções como a que foi realizada em Adriana.
A “harmonização de bumbum” foi realizada pelo médico Marcelo Vasconcelos, na clínica Bodyplastia, no bairro do Pina, na Zona Sul do Recife. Segundo o atestado de óbito, Adriana morreu de “choque séptico” (infecção generalizada) e “infecção no trato urinário”.
De acordo com a prima de Adriana, ela só havia compartilhado com o filho que iria realizar a harmonização. Após o procedimento, ela se queixou de dores intensas logo após ser liberada. No dia seguinte, foi achada morta dentro de casa. O corpo foi sepultado na segunda-feira (13), no Cemitério de Santo Amaro, no Centro do Recife.
De acordo com Rafael Anlicoara, presidente da SBCP-PE, o PMMA é, simplesmente, acrílico. É um polímero barato, que não é absorvido pelo corpo e que, por causa disso, costuma ser usado com promessas de resultados fáceis e permanentes.
“As complicações são muito graves com o uso do PMMA. Ele causa problemas nos rins, pode causar infecção, pode migrar, inclusive, dando trombose ou embolia, o que causa risco de morte nas pacientes. O PMMA foi proibido pela [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] Anvisa para fins estéticos e a Sociedade de Cirurgia Plástica já emitiu uma nota solicitando à Anvisa que não permita mais a produção e venda desse produto”, disse o médico.
Em julho, no Distrito Federal, a influenciadora digital Aline Maria Ferreira da Silva morreu aos 33 anos, nesta terça-feira (2), após fazer um procedimento estético para aumentar o bumbum, também com aplicação de PMMA.
No Brasil, a Anvisa exige registro para uso do PMMA para preenchimento, por ser considerado de máximo risco. Só há duas situações em que ele pode ser usado:
Correção de lipodistrofia: Quando pacientes com Aids que utilizam medicamentos antirretrovirais têm alteração no organismo que leva à concentração de gordura em algumas partes do corpo;
Correção volumétrica facial e corporal: Para corrigir alterações, como irregularidades e depressões no corpo, fazendo o preenchimento em áreas afetadas por meio de bioplastia.
Segundo Rafael Anlicoara, o PMMA é a substância menos segura para o tipo de procedimento realizado em Adriana.
“O mais seguro para harmonização glútea são estimuladores de colágeno, preenchedores à base de ácido hialurônico e, quando os casos exigem um volume maior, a lipoaspiração com lipoenxertia de gordura do próprio paciente e até a prótese glútea, mas nunca o PMMA”, explicou.
O médico também informou que é essencial que o paciente se atente ao local e ao currículo do profissional que vai realizar o procedimento. O ideal é que isso seja realizado por um cirurgião plástico ou um dermatologista, que são profissionais habilitados para fazer harmonização glútea.
“Hoje, o PMMA é um produto vendido facilmente e aplicado em qualquer lugar. Tem várias clínicas de bairro que, sem condições adequadas, fazem esses procedimentos, prometendo resultados definitivos, resultados favoráveis, e não é assim a realidade. Por isso a importância de procurar um profissional sério, uma clínica séria, e não só ir pelo Instagram ou por propagandas bonitinhas”, declarou.
Entenda o caso
Adriana Barros Lima Laurentino, de 46 anos, foi encontrada morta no banheiro de casa horas após realizar uma “harmonização de bumbum”;
Segundo familiares, Adriana se queixou de dores intensas logo depois de ser liberada pela clínica Bodyplastia, onde realizou a intervenção;
O procedimento foi feito pelo médico Marcelo Alves Vasconcelos;
Nas redes sociais e em seu site, Marcelo Vasconcelos diz que utiliza PMMA em seus procedimentos;
A página do médico afirma que a “harmonização corporal” com PMMA não é perigosa, “desde que realizada por profissionais capacitados, em locais aprovados pela vigilância sanitária e com produto autorizado pela Anvisa”;
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), no entanto, é contrária ao uso do PMMA e recomendou, em novembro de 2024, que a Anvisa banisse a substância, por conta de “enorme preocupação com a saúde da população”;
A defesa de Marcelo Alves Vasconcelos afirmou que “a paciente foi vitimada por uma fatalidade, que nada tem a ver com qualquer falha da profissional”.
VÍDEOS: mais vistos de Pernambuco nos últimos 7 dias

Keep Up to Date with the Most Important News

By pressing the Subscribe button, you confirm that you have read and are agreeing to our Privacy Policy and Terms of Use
Advertisement