Separação e guarda compartilhada: o que fazer para manter o bem-estar do pet após o fim do relacionamento?

Especialista explica como identificar que o animal não está feliz com a mudança de rotina e o que fazer nesses casos. Especialista fala sobre cuidados com animais durante guarda compartilhada
Marcel Scinocca/g1
Quando a separação de uma casal é inevitável e há um filho pet no meio, a guarda compartilhada é um caminho para o fim do conflito, inclusive por meio judicial. Só que nem sempre o bem-estar do animal é levado em consideração, em função de uma série de mudanças que pode ser difícil até para os humanos entenderem, quanto mais para os amiguinhos, em especial os peludos, felinos e caninos.
📲 Participe do canal do g1 Bauru e Marília no WhatsApp
Por isso, o g1 falou com um especialista para saber como identificar que o animal não está feliz com a mudança de rotina e o que fazer nesses casos. O médico veterinário Leandro Carvalho dos Santos conta que a separação dos tutores pode ter consequências profundas na vida dos pets, tanto em aspectos emocionais quanto físicos.
“Animais de estimação, como cães e gatos, criam vínculos fortes com seus cuidadores, e a ausência ou a mudança de convivência pode desencadear uma série de reações de estresse que afetam diretamente sua saúde.”
Conforme Leandro, tanto cães quanto gatos podem apresentar sinais claros de tristeza e ansiedade em situações de separação.
“Os cães, por exemplo, são muito sensíveis ao ambiente emocional de seus tutores e tendem a sofrer com a ausência, demonstrando comportamentos como latidos excessivos, inquietação, apatia, falta de apetite e até comportamentos destrutivos. Os felinos, por sua vez, também são afetados, embora muitas vezes apresentem sinais mais sutis, como reclusão, mudanças de comportamento e alterações no uso da caixa de areia”, explica.
Ainda de acordo com ele, a separação também gera sentimentos de insegurança e confusão, pois os animais, geralmente, não compreendem a razão da ausência. “Essa falta de entendimento pode contribuir para uma condição de estresse crônico, o que é particularmente prejudicial para a saúde imunológica e emocional”, garante.
Médico veterinário Leandro Carvalho dos Santos, de Sorocaba (SP)
Arquivo Pessoal
O impacto do estresses no animal
O especialista afirma que o estresse tem um impacto direto sobre o sistema imunológico dos pets, deixando-os mais vulneráveis à diversas doenças.
“Nos gatos, uma das condições que pode ser agravada é a Síndrome de Pandora, também conhecida como Cistite Idiopática Felina. Trata-se de uma inflamação dolorosa da bexiga, exacerbada por fatores de estresse, que leva a alterações comportamentais e pode desencadear episódios recorrentes de desconforto”, inicia.
“Nos cães, o estresse também afeta a imunidade, podendo ativar condições que estavam incubadas. Hemoparasitoses, como a erliquiose e a babesiose, são doenças causadas por parasitas que podem permanecer latentes no organismo. Sob condições de estresse intenso, esses parasitas podem encontrar um ambiente propício para se desenvolverem, levando o animal a apresentar sintomas clínicos da doença, como febre, letargia e anemia”, completa.
O que fazer?
O que fazer para manter o bem-estar do pet após o fim do relacionamento?
Júlia Martins/g1
Leandro Carvalho lembra que para proteger a saúde dos pets durante e após a separação, é fundamental adotar estratégias de manejo que minimizem o estresse e garantam que o animal se sinta seguro e amparado. São elas:
⏱️Manter uma rotina consistente: Manter uma rotina consistente ajuda o animal a sentir que seu ambiente é previsível e seguro. Isso inclui horários regulares para alimentação, atividades e momentos de descanso.
🧠Estimulação mental e enriquecimento ambiental: O enriquecimento ambiental é especialmente importante para gatos, pois ajuda a reduzir o estresse e distrai o animal em momentos de ausência do tutor. Brinquedos interativos, arranhadores, prateleiras e locais altos para os felinos se esconderem ou explorarem podem ser benéficos. Nos cães, atividades que estimulem o faro e brinquedos para roer são ideais para manter o animal engajado.
🤝🏻Contato gradual e supervisão de interações: Se possível, o tutor pode preparar o animal para a mudança, introduzindo gradualmente o novo ambiente ou pessoas com quem o pet possa conviver. Essa transição gradual ajuda o animal a se adaptar e evita uma quebra brusca de rotina.
🩺Apoio veterinário e uso de feromônios: em casos de estresse mais intenso, o acompanhamento veterinário é essencial. Feromônios sintéticos (disponíveis para cães e gatos) são uma opção que pode ajudar a acalmar o animal, criando uma sensação de segurança no ambiente. O uso de suplementos ou, em alguns casos, medicamentos, pode ser considerado sempre com supervisão veterinária.
❤️‍🩹Atenção e carinho: dedicar um tempo para brincar e dar atenção ao pet, mesmo em meio a mudanças, é uma das melhores formas de reduzir o impacto emocional.
Tristeza e morte
O médico veterinário lembra de dois casos envolvendo a separação do casal e que envolveram mudanças também para o pet que marcaram sua carreira.
“Em uma separação, um cão da raça labrador ficou em sua casa de origem, sua tutora teve que se mudar para outro estado. Com o manejo adequado esse pet ficaria bem, porém não foi bem assistido e entrou em depressão, emagreceu de maneira abrupta e, infelizmente, veio a óbito”, lembra emocionado.
Outro caso, conforme ele, é de um felino extremamente apegado aos tutores que na ausência de um deles, ficou deprimido, chegando a emagrecer, sofrer queda de pelo excessiva e até parar de comer.
Legislação
Ainda não há legislação específica para esses casos, mas a Comissão de Meio Ambiente (CMA) do Senado aprovou em outubro um projeto de lei que regula a guarda compartilhada de animais em casos de separação ou fim de união estável.
O projeto modifica o Código Civil (Lei 10.406, de 2002) e o Código de Processo Civil (Lei 13.105, de 2015) para incluir o tema no capítulo que trata do direito familiar e patrimonial.
A matéria será analisada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A proposta define que, em casos de dissolução de casamento ou união estável, quando não houver acordo sobre o animal de estimação, o juiz determinará o compartilhamento da guarda e das despesas entre os envolvidos.
Veja mais notícias da região no g1 Sorocaba e Jundiaí
VÍDEOS: assista às reportagens da TV TEM

Keep Up to Date with the Most Important News

By pressing the Subscribe button, you confirm that you have read and are agreeing to our Privacy Policy and Terms of Use
Advertisement