Após dois anos de impasse, Líbano elege militar como presidente

Joseph Aoun prometeu respeitar a trégua com Israel e defendeu monopólio das armas pelo Estado. O comandante-chefe do Exército libanês, Joseph Aoun, foi eleito presidente do país nesta quinta-feira (9), após receber o voto de 99 dos 128 deputados no Parlamento. O resultado é um reflexo das mudanças no equilíbrio geopolítico no Oriente Médio, com o enfraquecimento do movimento Hezbollah após os ataques israelenses e a queda de Bashar al-Assad na Síria.
Desde 2022, o Líbano estava sem um presidente e vivia um impasse. Cabe ao Parlamento eleger um novo mandatário. No entanto, desde então, a classe política não conseguiu chegar a um acordo. Entenda como funciona a política libanesa mais abaixo.
O presidente eleito nesta quinta-feira foi aplaudido quando entrou na Câmara para fazer o juramento de posse. Ele apareceu vestido em trajes civis.
“Hoje começa uma nova era na história do Líbano”, disse Aoun em seu primeiro discurso, se comprometendo a iniciar rapidamente as consultas para nomear um primeiro-ministro.
Aoun também declarou que se dedicaria a reafirmar o direito do Estado a ter o “monopólio das armas”, em referência à guerra entre o movimento Hezbollah e Israel. Ele afirmou que respeitaria a “trégua” com o país. 
O acordo de cessar-fogo, supervisionado pelos Estados Unidos, a França e a ONU, prevê o envio do Exército libanês para as áreas de fronteira à medida que as forças israelenses se retirem das áreas ocupadas durante o conflito, que começou em setembro do ano passado.
O Hezbollah também deve retirar suas tropas ao norte do rio Litani e desmantelar infraestruturas militares na área. Em uma mensagem no X, o chanceler israelense, Gideon Saar, disse que espera que Joseph Aoun “contribua para a estabilidade do país e as boas relações com os vizinhos”.
O novo presidente confirmou seu favoritismo depois que o candidato do Hezbollah, Suleiman Frangieh, desistiu de participar da eleição e declarou seu apoio a Aoun.
O militar conseguiu obter a maioria após uma reunião entre representantes dos blocos pró-iranianos do Hezbollah e seu aliado, o movimento Amal. O comandante-chefe do Exército também foi apoiado pelos Estados Unidos e pela Arábia Saudita.
“Há uma mensagem clara da comunidade internacional, que está pronta para apoiar o Líbano, mas que há necessidade de um presidente, um governo”, disse Michel Mouawad, um parlamentar maronita que se opunha ao Hezbollah e votou em Joseph Aoun. 
Enviados franceses, americanos e sauditas teriam informado ao Hezbollah que a ajuda internacional ao Líbano estava condicionada à sua eleição. “Recebemos uma mensagem de apoio da Arábia Saudita”, acrescentou Mouwad.
Como funciona a política no Líbano
O Líbano possui um sistema político conhecido como “confessionalismo”. Esse modelo distribui o poder entre grupos religiosos presentes no país.
O confessionalismo existe desde a década de 1940 e foi criado para garantir uma paridade entre muçulmanos sunitas e xiitas, além de cristãos. Foi uma forma encontrada de manter a paz entre os grupos diante da diversidade étnica e religiosa do Líbano.
Neste modelo, os cargos são distribuídos da seguinte maneira:
O presidente deve ser um cristão maronita.
O primeiro-ministro deve ser um muçulmano sunita.
O presidente do Parlamento deve ser um muçulmano xiita.
O Parlamento também tem as cadeiras divididas por grupos religiosos. O modelo, no entanto, já foi alvo de protestos e é responsabilizado por casos de corrupção e violência.

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