‘Parente’ da jabuticaba, grumixama ajuda a restaurar florestas e pode conservar carnes

Originária da Mata Atlântica, fruta pode ser usada em geleias, doces, sucos e licores e é vista como aliada de um futuro sustentável. Conhecida também como cereja-brasileira, grumixama desempenha papel crucial na regeneração de florestas e na interação com a fauna local
kwokwokwo/iNaturalist
A Mata Atlântica, com sua riqueza de espécies e sabores únicos, abriga uma fruta que tem ganhado cada vez mais espaço na gastronomia sustentável e na restauração ambiental: a grumixama (Eugenia brasiliensis).
A origem do nome, segundo o vocabulário Tupi-Guarani, provém de “guamichã”: o que pega na língua. Esse significado se dá por ser considerada bastante palatável e com sabor inigualável.
Conhecida também como cereja-brasileira, essa fruta nativa não só encanta pelo sabor, mas também por desempenhar um papel crucial na regeneração de florestas e na interação com a fauna local.
A grumixameira atrai aves e pequenos mamíferos, como macacos, que se alimentam dessas frutas e dispersam suas sementes pela floresta. Essa dispersão natural é essencial para ajudar no reflorestamento de áreas degradadas.
A origem do nome, segundo o vocabulário Tupi-Guarani, provém de “guamichã”: o que pega na língua
jessica_moreno/iNaturalist
Suas flores brancas, parecidas com as da jabuticaba, atraem abelhas que realizam a polinização, garantindo a reprodução da planta. A árvore é ornamental e indicada para arborização urbana.
Além de nutritiva, a grumixama tem sabor marcante, o que a coloca em destaque na cozinha moderna, podendo ser usada em geleias, compotas, doces, sucos, licores, vinagres e até aguardentes.
Benefícios da grumixama
De acordo com botânica Carolina Ferreira, a grumixama é uma fruta saborosa com vitaminas C, B1 e B2, e compostos bioativos que auxiliam no bom funcionamento do organismo, além de seu uso preventivo no tratamento de doenças.
A grumixama é uma fruta saborosa com vitaminas C, B1 e B2, e compostos bioativos que auxiliam no bom funcionamento do organismo
Fabrício Riella/iNaturalist
Sua fama vai além do prato. Estudos apontam que o extrato das folhas e da casca da grumixameira possui propriedades antibacterianas, antidepressivas e anti-inflamatório.
“Já na medicina popular, há relatos do uso da espécie no tratamento da artrite, diabetes e reumatismo através do chá das flores ou da casca da árvore. Outro uso da casca relatado é a na forma de xarope expectorante. A ingestão da fruta é considerada curativa para inflamações bucais e de garganta”.
No entanto, a botânica aponta que as diversas ações farmacológicas apresentadas ainda não foram devidamente investigadas e comprovadas.
Potencial da grumixama na conservação de carnes
A grumixama revelou um grande potencial como conservante natural. Pesquisadores da Unesp, em São José do Rio Preto (SP), descobriram que a polpa da fruta foi mais eficiente em retardar a oxidação lipídica de hambúrgueres do que o eritorbato, um conservante artificial amplamente utilizado pela indústria.
Estudos apontam que a polpa da grumixama tem grande potencial como conservante natural
Jonathan Lorencetti Ehlert/iNaturalist
Os testes, conduzidos no Laboratório de Carnes da universidade e orientados pela professora Andrea Carla da Silva Barretto, mostraram que a grumixama supera até mesmo outras frutas estudadas com desempenho semelhante ao do conservante químico. Isso significa maior vida útil para os produtos com a aplicação do fruto.
A pesquisa é pioneira no uso da grumixama para a conservação de alimentos. Os próximos passos envolvem expandir os testes para outros produtos, reforçando o potencial dessa espécie como uma alternativa natural e sustentável para a indústria alimentícia.
A árvore
A grumixama pertence à família Myrtaceae – a mesma da pitanga e jabuticaba – também é conhecida pelos nomes populares de grumixaba, cumbixaba e ibaporoiti. É uma árvore que tem entre 6 e 20 metros de altura, com folhas coriáceas, flores brancas e frutos de cor roxa, vermelha ou amarela/branca.
Grumixama é uma árvore que tem entre 6 e 20 metros de altura, com folhas coriáceas e flores brancas
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A árvore costuma florescer em julho e começa a gerar frutos em outubro e novembro. Entretanto, segundo a especialista, este período pode apresentar variações dependendo de mudanças na precipitação.
“O solo ideal para o cultivo deve ser profundo, rico em matéria orgânica e úmido, mas com boa drenagem. E a planta pode se desenvolver tanto sob sol pleno quanto em áreas de meia-sombra”.
Um desafio de conservação
Embora cheia de potencial, a grumixama enfrenta desafios no cultivo e na conservação. Isso porque suas sementes possuem alta taxa de germinação, mas são recalcitrantes, ou seja, perdem rapidamente a viabilidade fora do ambiente ideal. Isso limita sua propagação em larga escala
A árvore costuma florescer em julho e começa a gerar frutos em outubro e novembro
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No passado, sua madeira foi explorada em marcenaria, reduzindo populações naturais da espécie. Hoje, iniciativas de reflorestamento e a popularização de frutas nativas são estratégias fundamentais para sua preservação.
Divulgar o potencial da grumixama, tanto no campo ambiental quanto no gastronômico, é essencial para garantir que esta joia brasileira continue ocupando o lugar de destaque que merece.
A grumixama e o futuro sustentável
Com o avanço do desmatamento na Mata Atlântica, a valorização de espécies como a grumixama se torna não só uma questão de preservação ambiental, mas também de cultura e identidade.
Solo ideal para o cultivo da grumixameira deve ser profundo, rico em matéria orgânica e úmido, mas com boa drenagem
Diego Monsores/iNaturalist
De sabor único a propriedades medicinais, a grumixama é uma lembrança viva da biodiversidade que o Brasil tem a oferecer – e uma promessa de um futuro mais sustentável, onde passado, presente e inovação se encontram.
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